sexta-feira, 3 de abril de 2015

Geometria paulistana

Se um paulistano te convidar para conhecer o "TRIÂNGULO" não estranhe... Ele vai te levar para conhecer o centro histórico da cidade; ou como alguns autores denominam: o Núcleo Original.

Já comentei aqui os séculos que a cidade ficou isolada, sozinha no planalto, sem desenvolvimento... No século XVII a cidade servia de passagem: entrada de aventureiros e saída de conquistadores. SP bandeirante! Habitada principalmente por índios e portugueses. 

Nestes tempos, a cidade vivia confinada no Triângulo. Forma geométrica decorrente da ligação das três ordens religiosas presentes: Carmelitas, Franciscanos e Beneditinos. Cada uma delas, com sua igreja e seu convento. Mas e os Jesuítas? Designados fundadores da cidade, sua igreja e seu colégio é incorporado pelo triângulo.
Mapa esquemático do Núcleo Original. Montagem: @rslmagalhaes

Estrategicamente posicionado no topo mais alto entre as várzeas dos rios Tamanduateí e Anhangabaú - os dois preservam seus nomes de origem Tupi, e significam "rio de muitas voltas" e "rio dos malefícios" , respectivamente - o triângulo tinha visão privilegiada para o Leste, principal acesso á Vila. Caminho que fazia a comunicação com o mundo, vinda do Rio de Janeiro e posteriormente de Santos. E também inimigos, contrários à ocupação portuguesa nos moldes jesuítas.

Além do Leste, a saída Norte também era muito usada, principalmente pelas bandeiras, que avançavam para o interior:

Essa trilha cortava longitudinalmente a colina conhecida como Inhapuambuçu, onde os jesuítas se estabeleceram em 1554, e atingindo a parte mais ao norte da elevação se precipitava por uma íngreme encosta, deparando-se com o vale estreito e profundo do Ribeirão Anhangabaú (Rua Florêncio de Abreu). A partir daí, cortando o Guaré, seguia em frente até atingir a margem esquerda do Rio Tietê (Avenida Tiradentes). Do outro lado do rio, o caminho continuava em direção à Serra da Cantareira (Avenida Voluntários da Pátria), prosseguindo mais tarde para Bragança e sul de Minas (Rodovia Fernão Dias). Um trecho desse longo caminho era conhecido, portanto, como do Guaré, usado pelos indígenas planaltinos e pelos primeiros moradores de São Paulo de Piratininga. (CAMPOS, 2005, p.13)

E finalmente a última vértice, para Oeste, onde havia um aldeamento indígena que assegurava a passagem pelo Rio Pinheiros. 

A partir da segunda metade do século XIX, a vila começa a se expandir em direção à ferrovia. A ocupação na região da Estação da Luz, garantia o conforto do barões do café, que através da ferrovia comercializava suas sementes e outros produtos provenientes da Europa.
Pouco a pouco, as casas de taipa de pilão se transformam em belos sobrados, e posteriormente, as margens do centro, as chácaras com formosos casarões, desenhados com todos os elementos arquitetônicos que pudessem remeter a riqueza de seu dono, e construídos com os materiais importados trazidos pelas estradas de ferro, configuram essa cidade do café, nos moldes europeus.
Mapa esquemático da 1º Expansão urbana. Montagem: @rslmagalhaes


Os novos habitantes eram de todos os lugares do outro lado do Atlântico (veja post anterior), e a cidade fica pequena! O trânsito caótico, as áreas marginais, os problemas sanitários, obrigam os dirigentes a planejarem uma solução. O lado Oeste, pareceu ser o mais adequado para direcionar o crescimento da cidade. Podemos escrever uma tese sobre os motivos que levaram à esta escolha, mas não é o caso neste momento...

De qualquer forma, após anos de discussões; a inauguração do Viaduto do Chá (1892), do Teatro Municipal (1911), a execução do Plano de Melhoramentos de São Paulo e Bouvard (entre 1906 e 1917 - com algumas secções terminadas na década seguinte), finalmente o Centro Novo é incorporado pela cidade.

Agora com ideais republicanos, a ocupação do solo é mais ordenada - ruas mais largas, loteamento em tabuleiro - e espaços públicos reverenciando os grandes personagens da história - por exemplo: Praça do Patriarca José Bonifácio e R Barão de Itapetininga. 
Mapa esquemático da 2º Expansão urbana. Montagem: @rslmagalhaes


Sem esquecer dos novos bairros, mais adequados do ponto de vista sanitário: Paulista e Higienópolis são loteados, e os Barões / Industriais seguem rumo Sudoeste para construir suas ricas residencias e ostentar, mais uma vez, uma vida européia, longe do burburinho do Triângulo, agora limitado á vida comercial.

A partir da gestão Julio Prestes (1938 -1945), a expansão urbana confirma a lógica radial em direção Sudoeste, e a metrópole se configura através de grandes Avenidas, que cobrem os rios e rasgam o tecido urbano em direção a metropolização.

Mapa esquemático da lógica Radial de expansão. Montagem: @rslmagalhaes

Algumas delas:

OESTE
Av São João, Rua da Consolação, 

SUL
Av 23 de Maio, Av 9 de Julho, Av do Estado

LESTE
Av Alcantara Machado (Radial Leste), Av Rangel Pestana

NORTE
Av Cruzeiro do Sul, Av Tradentes



O Triangulo, fica esquecido... E se torna apenas o centro dessa nova geometria.


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Referências:

Publicações

1. DIAS, Vera Lucia. O tupi em São Paulo: vocabulário de nomes tupis nos bairros paulistanos. São Paulo: Plêiade, 2008. 
2. CAMPOS, Eudes. Nos caminhos da Luz, antigos palacetes da elite paulistana. Anais do Museu Paulista. São Paulo.N. Sér. v.13. n.1.p. 11-57. jan. - jun. 2005.
3. PONCIANO, Levino. Bairros Paulistanos de A a Z. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2001.
4. ROLNIK, Raquel. São Paulo. São Paulo: Publifolha, 2013. - (Folha Explica). 
5. SIMÕES JR, José Geraldo. Anhangabaú: história e urbanismo. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2004. 

sábado, 28 de março de 2015

De onde você é?

Talvez a crise realmente exista... Afinal depois de Balzac, fazer 30 anos é um momento de grande reflexão para as mulheres.
Comigo não foi diferente, mudei o rumo da minha vida radicalmente! E uma das perguntas que me fiz foi: de onde eu vim?
Parece bobo uma pessoa com 32 anos perguntar isso, mas saber minha origem familiar me pareceu uma boa forma de reescreve-la!
Não tive uma resposta completa, mas foi suficiente para o recomeço.

Para você, caro leitor que está interessado na cidade, e não em uma balzaquiana, digo que SP é fruto das mais variadas composições genéticas (e dos mais variados interesses). 

A cidade foi construída por bravos estrangeiros que escolheram a cidade para realizar seus sonhos, empreender e transformar a modesta aglomeração urbana em uma das maiores cidades do mundo!
Portugueses, africanos (de diversos lugares do continente), italianos, espanhóis, alemães, ingleses, brasileiros (de diversos lugares do país) deram origem ao paulistano e a cidade como ela é.

Isso (parece que) estamos carecas de saber, abaixo alguns exemplos dessa miscelânea cultural:

- GRANDE HOTEL (demolido)
Em 1878, um próspero imigrante alemão, o Sr Frederico Glete*, constrói um suntuoso empreendimento hoteleiro, que foi considerado por alguns viajantes como o melhor do Brasil!

* Frederico Glete e Vítor Nothmann, loteiam os bairros de Campos Elísios - o primeiro bairro com perfil residencial de elite.

- FUNDAÇÃO ESCOLA DE COMÉRCIO ÁLVARES PENTEADO - 1908
O café trouxe a necessidade dos conhecimentos contábeis, até então raros na cidade.
Fundada em 1902, a Escola Prática de Comércio, funcionava em salas cedidas pelo Sr Eduardo Prates (paulistano) na R São José (atual Líbero Badaró). A escola dirigida pelo Sr Horácio  Berlinck (florianopolitano), mudou de endereço em 1908, quando o conde Antônio de Álvares Leite Penteado (mogi-miriano) doou o terreno e construiu o Palácio do Comércio no local onde está até hoje.

FECAP - Lgo São Francisco. Foto: @rslmagalhaes

- EDIFÍCIO GUINLE - 1912/1916
Primeiro arranha céu da cidade, com 36 metros de altura, sua aprovação pelos órgãos competentes se deu após um extenso laudo técnico.
Serviu como filial da Guinle & Cia, empresa de uma família tradicional da elite financeira e social carioca.

Ed Guinle - R Direita. Foto: @rslmagalhaes

- EDIFÍCIO MARTINELLI - 1924/1929
Empresário italiano, Giuseppe Martinelli investiu tudo que tinha para construir um sonho: o edifício mais alto da cidade - 130 metros. Na sua cobertura, temos uma visão panorâmica da cidade. 

Ed Martinelli. Foto: @rslmagalhaes

- CASA GODINHO - 1888/1924
Fundada em 1888 por um imigrante português chamado José Maria Godinho na Praça da Sé, sendo transferida para a o térreo do Edifício Sampaio Moreira, o segundo arranha céu da cidade (50 metros de altura), no ano de 1924, onde funciona até hoje. Em 2013, a mercearia foi declarada patrimônio cultural imaterial da cidade pelo Conpresp, sendo o primeiro estabelecimento comercial a receber este título na capital paulista.

- MAPPIN STORES - 1913/1919/1939 - 1999
Fundada em 1913 por ingleses, foi a loja de departamentos mais famosa da cidade. Muda-se para a Praça do Patriarca em 1919, com sua famosa Casa de Chá e seus elegantes desfiles vespertinos, frequentado pelas distintas senhoras do café. Acompanhando o desenvolvimento da cidade, em 1939 muda-se para um edifício em frente ao Teatro Municipal, por sinal um exemplo do estilo art déco praticado na cidade.
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Espero que estas (poucas) amostras, provoquem uma vontade imensa de colocar aquele tênis confortável, e buscar suas origens pela cidade!


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Referências:

Site
1. http://www.fecap.br/novoportal/institucional.php#.VRdTao7F-So
2. http://casagodinho.com.br/nossa-historia/
3. http://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2013/12/10/mappin-faz-100-anos-relembre-a-historia-da-loja-de-departamentos.htm
Todos acessados em 28/03/2015.

Publicações
1. BASSANI, Jorge. São Paulo: Cidade e Arquitetura | Um guia. São Paulo: Francisco Maximiano Zorzete, 2014.
2. Dez Roteiros históricos a pé em São Paulo / Roney Cytrynowicz (org). São Paulo: Narrativa Um, 2007
3. PONCIANO, Levino. Bairros Paulistanos de A a Z. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2001.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Mais amor!

Lambe-Lambe. 
Disponível em: <http://lounge.obviousmag.org/lagar_de_ideias/2015/02/ha-pouco-lia-o-jornal.html>. Acesso em: 18/02/2015.

Nunca tinha prestado atenção nesta frase... De tanto ver os tais lambe-lambes nas ruas da cidade, não parei para pensar no sentido. São Paulo é assim, tem muito de tudo e tudo é muito comum.
Mas nem sempre foi assim!

A cidade ficou no ostracismo por mais de dois séculos, afinal poucos conseguiam vencer a subida da Serra do Mar. Muitos escritores descrevem os paulistanos como um "povo bronco": visitantes não eram bem vindos. Mas tudo isso muda com o café! Sem esquecer da abolição da escravatura, que favoreceu a imigração de várias etnias para o Estado.

O porto de Santos dava as boas vindas, e os trabalhadores subiam a serra nos trens da SPRailway. Funcionários da Hospedaria dos Imigrantes garantiam a estadia temporária das famílias, e o serviço incluía a distribuição destes trabalhadores para as fazendas do interior do Estado.
Porém, grande parte deles ficaram por aqui. 

E logo em seguida, os migrantes de outros estados chegaram em busca de novas oportunidades, fugindo da pobreza de suas cidades.

E assim São Paulo - a Metrópole - se formou: heterogênea. 
Pessoas de todas as naturalidades e nacionalidades formaram a maior cidade da América do Sul.
São quase 12 milhões de pessoas! 
Mais cade o amor?

A cidade desperta dois sentimentos distintos: o amor ou o ódio... Isso é o que eu escuto... Mas não concordo!
Acredito que temos que amar o lugar que moramos, que nos acolhe, que nos dá oportunidades de crescimento (cultural, profissional, pessoal)!
Como não amar o lugar onde se vive??? Como não amar o lugar que VOCÊ ESCOLHEU para viver???

Talvez a cidade continue "bronca", mas não precisa ser assim... Como fazer com que as pessoas se sintam pertencentes ao meio??? Porque quando nos sentimos parte do lugar, nós cuidamos, nós amamos!
Talvez com lambe-lambes... Talvez fazendo com que elas descubram os encantos da metrópole!

Afinal, amamos o que conhecemos, valorizamos o que gostamos... e assim, quem sabe, a cidade se torne civilizada.


*Civilidade = é o respeito pelas normas de convívio entre os membros duma sociedade organizada (Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Civilidade>. Acesso em 18/04/2015).

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

domingo, 2 de novembro de 2014

Tempo livre (?)

Para visitar uma exposição importante, sempre tem uma (grande) fila à espera dos visitantes ansiosos em conferir com seus próprios olhos o que todos estão comentando. 

Confesso que tenho uma certa preguiça de enfrenta-la, e acabo “perdendo” tais exposições, porém me propus a enfrentar o que fosse necessário e conferir OsGemeos no Galpão Fortes Villaça.
Fila na Av Rudge. Foto: @rslmagalhaes

Ver "A ópera da lua", foi mais uma daquelas descobertas urbanas, pois o Galpão Fortes Villaça fica fora do circuito. Apesar de conhecer bem a região, nunca tinha me aventurado a pé na várzea da Barra Funda. Algumas casas térreas, remanescentes da época em que os operários moravam próximos ás fábricas, ainda resistem; e pude presenciar uma senhora varrendo seu quintal (que estava limpo), apenas para curiar 1 os estranhos visitantes; mas a ocupação predominante é de pequenos galpões e oficinas.

Algumas fotos e pensamentos depois, consegui entrar na exposição! E como previsto, uma explosão de cores, texturas e pequenos detalhes que não passaram desapercebidos pelos meus olhos curiosos... me lembrei de quando apreciava o trabalho deles pelas ruas da Liberdade e do Cambuci, sem filas, sem seguranças apressando para “olhar rápido”. 

Horas de fila, foram compensadas por alguns minutos pertinho dos personagens, cenários, e um incrível boneco gigante com outros animados dentro do seu peito!
Detalhe de um painel dos grafiteiros OsGemeos. Foto: @rslmagalhaes

Dei uma voltinha para conhecer o galpão, que por sinal é um projeto bem atraente. Fui embora caminhando pelas ruas vazias e curtindo meu sábado de lazer.
O lazer, conceitualmente falando, tem quatro características fundamentais:

- Pessoal: liberdade de escolher o que fazer com o tempo livre. 
- Gratuito: não é no sentido de não pagar, e sim desinteressado.
- Hedonístico: prazeroso.
- Liberatório: liberação das obrigações, da fadiga.

Comparando essas características com minha experiência, comecei a questionar alguns pontos... A escolha pessoal poderia ter sido influenciada pelos meios de comunicação ou pelas relações interpessoais – afinal precisamos estar “antenados”! Porque eu iria querer ficar quase três horas em uma fila sob sol escaldante? 

Para me divertir!
Mas a fila não é divertida...

E aí entra a questão do gratuito. Quem disse que ficar em pé, com calor, sem sombra não é pagar? É um valor bem alto! E desinteressado? Muito questionável... Pois há interesse de conhecer, de saber, de estar integrado ao grupo social, entre outros.

Me atrevo a dizer que o lazer nem sempre é prazeroso... buscamos o deleite, mas o tédio pode ser o sentimento final. Talvez isso aconteça pela alta expectativa criada em torno do lazer, causada principalmente pela rotina fatigante da sociedade pós industrial.

A sociedade pós industrial é urbana – no Brasil 84,36% da população vive em áreas urbanas. As cidades devem permitir que a população usufrua seu direito ao lazer.

Existe uma recomendação de 12m² de área verde por habitante. Não existe uma área de lazer mínima para cada cidadão; afinal o lazer não exige espaço planejado.
Domingo no Minhocão. Foto: @rslmagalhaes

Andar pelas ruas é uma oportunidade de ver e ser visto, de ver paisagens naturais e construções humanas, de observar as pessoas em geral ou de encontrar-se com alguma pessoa em particular. (CAMARGO, p. 63).

E quem sabe encontrar consigo?


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1. Curiar = Observar. Expressão comum no nordeste do Brasil.


Referências:

Site
1. http://7a12.ibge.gov.br/vamos-conhecer-o-brasil/nosso-povo/caracteristicas-da-populacao. Acesso em 30/10/2014.

Publicações
1. CAMARGO, Luiz Octávio Lima. O que é lazer? São Paulo: Brasiliense, 1986.
2. CAVALHEIRO, F., DEL PICCHIA, P. C. D. Áreas verdes: conceitos, objetivos e diretrizes para o planejamento. In: ENCONTRO NACIONAL SOBRE ARBORIZAÇÃO URBANA, 4, 1992, Vitória/ES. Anais...vol.I. Vitória: 1992.p.29-38.

Aulas no SENAC-SP / Aclimação:
- Lazer: Profs Elaine Gomes e Fabio Ortolano



Aulas no UAM / Centro:
- Lazer: Prof Luiz Fernando

sábado, 11 de outubro de 2014

23°32' S / 46°38' O

A maioria de nós conhecemos as palavras longitude e latitude, mas poucos sabem o que elas definem!

O planeta Terra gira em torno de um eixo, e os Polos (Norte e Sul) são o encontro deste eixo na superfície terrestre. A longitude é o angulo medido a partir deste eixo, que chamamos de meridiano de Greenwich. A variação pode ser de 0-180º para Leste ou para Oeste.

No centro, e perpendicular a este eixo, esta o plano (ou linha) do Equador; onde a Terra se divide em dois hemisférios: o Norte e o Sul. A variação de ângulos paralelos ao Equador, chamadas de latitudes, pode ser de 0-90º para Norte ou para o Sul.
Latitude e longitude. Disponível em: <http://www.grupoescolar.com/a/b/43625.jpg>. Acesso em: 10/10/2014.

Para localizarmos algum ponto do plano, identificamos a intersecção neste grande quadriculado que divide o Planeta.

Em algum momento da história, foi convencionado esses padrões, e até hoje usamos. Coincidentemente (ou de propósito), os países ditos desenvolvidos (e dominantes) ficam na parte superior da representação gráfica do planeta (mapa mundi), e na parte inferior estão os países subalternos.

Porém, o mundo é redondo, e quem pode dizer onde é em cima, ou embaixo?

De qualquer maneira, nas últimas décadas os países "da parte de baixo", começaram a ter importância no cenário mundial, por diversos motivos... e um deles é a capacidade de produção.

O Brasil está entre eles. E São Paulo é o principal motivo!!!

Desde a era do Ouro Verde (café), a cidade tem uma participação significativa no desenvolvimento do país. Na década de 70 éramos o maior pólo industrial, concentrando mais de 45% da produção do Brasil.

Porém nos final dos anos 80, impulsionada pela mudança da Constituição - que deu maior autonomia para os municípios definirem seus tributos - São Paulo começa a perder as indústrias para as cidades que ofereciam melhores condições tributárias.

Mas a cidade se reorganizou, e ao longo das ultimas décadas, se especializou em atividades voltadas à prestação de serviços e comercialização de bens. Em 2013, a cidade foi responsável por quase 12% do PIB nacional, e desta participação mais de 64% vem das atividades ligadas aos Serviços/ Comércio.
Segundo a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio SP), são mais de 1 milhão de trabalhadores registrados - somente no comercio varejista!

A Fecomercio SP é responsável pela administração de duas entidades importantes para os comerciários paulistas: o Serviço Social do Comércio (SESC) e, o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC).

O primeiro tem como objetivo proporcionar o bem-estar e qualidade vida, e o segundo desenvolver o conhecimento e o empreendedorismo.

Sou aluna do SENAC, sempre usei o SESC, e nunca fui comerciária... E isso é muito interessante, pois as duas instituições, sempre tiveram suas portas abertas para a comunidade!

E como usuária (nome dado aos não-comerciários), posso usufruir da infra-estrutura e programação cultural (intensa) das unidades do SESC da cidade. E são muitas! Existem 13 unidades, além do CineSesc.

Conheço apenas metade deles, e destes, posso dizer que o favorito é o Pompéia - Que merece um post exclusivo!

Sempre acompanho a agenda de algumas unidades, e em junho me inscrevi no Congresso Mundial do Turismo Social. E nesta semana, tive a oportunidade de participar do Congresso, organizado pelo SESC Consolação.

Esses três dias foram repletos de hospitalidade e profissionalismo. Senti o carinho que eles tiveram na elaboração da programação e das (várias) surpresas que tivemos ao longo do evento.

Festa de Encerramento do Congresso Mundial de Turismo Social. Fonte: https://www.facebook.com/SESCConsolacao/photos/a.184403018341811.44015.167246086724171/666725786776196/?type=1&theater. Acesso em: 10/10/2014

Apesar de ter contato com dados estatísticos do setor, pude comprovar que estamos muito desenvolvidos no quesito organização de eventos.

Não é toa que São Paulo é a líder brasileira de turismo de negócios, e aos poucos estamos ganhando o reconhecimento mundial, como o premio conquistado este ano, o  IFEA World Festival & Event City "como destino que não mede esforços para proporcionar um ambiente propício para eventos e festivais bem sucedidos" (NAKANE).


São Paulo está localizada na latitude 23º32' Sul... Acho que teremos que inverter o mapa mundi!!!

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Referências:

Sites
http://exame.abril.com.br/economia/album-de-fotos/as-30-cidades-que-mais-contribuem-para-o-pib-do-brasil
http://educacao.uol.com.br/disciplinas/geografia/concentracao-e-desconcentracao-industrial-sao-paulo-e-centro-industrial-do-pais.htm
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/pibmunicipios/2011/default_xls.shtm
http://www.fecomercio.com.br/NoticiaArtigo/Artigo/11728
http://www.visitesaopaulo.com/press-releases-detalhe.asp?press=935
http://files.ifea.com/Awards/2014EventCity/2014IFEAWorldFestivalEventCityAwardEntrySaoPauloBrazil.pdf
- Todos acessados em 10/10/2014

Aulas no SENAC-SP / Aclimação
- Cartografia: Prof David Carolla

Aulas na UAM / Centro
- Geografia e Cartografia: Prof Maria Angela
- Organização de Eventos: Prof Andrea Nakane

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

O longo caminho...

Me interessei pelo turismo ainda na faculdade de Arquitetura. Logo após minha primeira viagem pela Europa, voltei determinada a fazer alguma coisa para São Paulo se tornar tão atrativa e cheia de visitantes quanto Paris!!! Queria entender o fenômeno para empreender meu próprio projeto: roteiros temáticos p/ conhecer a cidade.

         
Em meados de 2000, não conhecia nenhuma oferta de city tour pela cidade. Não compreendia como uma cidade com tantas coisas para serem vistas / mostradas, não tinha movimentação turística – não tinha, sob a ótica de uma estudante de arquitetura...

Exposição Cai Guo-Qiang: Da Vincis do Povo – CCBB / SP. Foto: @rslmagalhaes
           
Mas segui outros caminhos, e somente este ano pude me dedicar ao antigo projeto. 
          
Desde a primeira aula na faculdade, tive certeza que Turismo é o que me faria feliz! E a cada competência alcançada, sinto que ser Guia de Turismo é o que vai me satisfazer!
           
Até agora, estou percebendo meu papel, concebendo o personagem, adequando meus talentos e aprendendo as técnicas para estrear o espetáculo! Gosto de pensar sob a ótica teatral. 
        
O teatro esteve bem perto de mim, pois durante algum tempo me empenhei para aprender, porém não tenho vocação para a arte dramática. Apesar disso, abracei todas as oportunidades de conhecer diversas formas de fazer teatro, para diversificar meu repertório - que continua pequeno se pensarmos nas possibilidades que o palco oferece.
           
Umas dessas oportunidades, foi assistir uma das peças que participava do 5° Festival de Teatro da Cidade de São Paulo: “O longo caminho que vai de Zero a Ene”; peça escrita pelo paulista Timochenco Wehbi (1943-1986), encenada pelos atores Anderson Negreiro e David Carolla com direção de Wanderley Damaceno, que narra a trajetória de dois personagens que tem aspirações diferentes, porém dependem um do outro para existir.


O longo caminho que vai de Zero a Ene. Foto: Flávia Rossette. Disponível em https://www.facebook.com/photo.php?fbid=4231411842437&set=t.100001113632259&type=3&theater. Acessado em 02/10/2014.
        
Além da produção impecável, a excelente atuação dos atores, deixou o texto acessível para assimilação de um ou mais sentido da Perseguição – outro nome dado à peça.
          
A perseguição sem objetivos claros, a cegueira para perceber o que de fato é importante, e as máscaras que usamos para nos adequar, foram as principais mensagens que captei da peça. Obviamente, influenciadas pela minha trajetória e principalmente cenário atual.
          
O processo de transformação, de adequação, e principalmente de autoconhecimento é essencial para corrigir os rumos e percorrer os novos roteiros!