Talvez a crise realmente exista... Afinal depois de Balzac, fazer 30 anos é um momento de grande reflexão para as mulheres.
Comigo não foi diferente, mudei o rumo da minha vida radicalmente! E uma das perguntas que me fiz foi: de onde eu vim?
Parece bobo uma pessoa com 32 anos perguntar isso, mas saber minha origem familiar me pareceu uma boa forma de reescreve-la!
Não tive uma resposta completa, mas foi suficiente para o recomeço.
Para você, caro leitor que está interessado na cidade, e não em uma balzaquiana, digo que SP é fruto das mais variadas composições genéticas (e dos mais variados interesses).
A cidade foi construída por bravos estrangeiros que escolheram a cidade para realizar seus sonhos, empreender e transformar a modesta aglomeração urbana em uma das maiores cidades do mundo!
Portugueses, africanos (de diversos lugares do continente), italianos, espanhóis, alemães, ingleses, brasileiros (de diversos lugares do país) deram origem ao paulistano e a cidade como ela é.
Isso (parece que) estamos carecas de saber, abaixo alguns exemplos dessa miscelânea cultural:
- GRANDE HOTEL (demolido)
Em
1878, um próspero imigrante alemão, o Sr Frederico Glete*, constrói um suntuoso
empreendimento hoteleiro, que foi considerado por alguns viajantes como o melhor do Brasil!
* Frederico Glete e Vítor Nothmann, loteiam os bairros de Campos Elísios - o primeiro bairro com perfil residencial de elite.
- FUNDAÇÃO ESCOLA DE COMÉRCIO ÁLVARES PENTEADO - 1908
O café trouxe a necessidade dos conhecimentos contábeis, até então raros na cidade.
Fundada em 1902, a Escola Prática de Comércio, funcionava em salas cedidas pelo Sr Eduardo Prates (paulistano) na R São José (atual Líbero Badaró). A escola dirigida pelo Sr Horácio Berlinck (florianopolitano), mudou de endereço em 1908, quando o conde Antônio de Álvares Leite Penteado (mogi-miriano) doou o terreno e construiu o Palácio do Comércio no local onde está até hoje.
FECAP - Lgo São Francisco. Foto: @rslmagalhaes
- EDIFÍCIO GUINLE - 1912/1916
Primeiro arranha céu da cidade, com 36 metros de altura, sua aprovação pelos órgãos competentes se deu após um extenso laudo técnico.
Serviu como filial da Guinle & Cia, empresa de uma família tradicional da elite financeira e social carioca.
Ed Guinle - R Direita. Foto: @rslmagalhaes
- EDIFÍCIO MARTINELLI - 1924/1929
Empresário italiano, Giuseppe Martinelli investiu tudo que tinha para construir um sonho: o edifício mais alto da cidade - 130 metros. Na sua cobertura, temos uma visão panorâmica da cidade.
Ed Martinelli. Foto: @rslmagalhaes
- CASA GODINHO - 1888/1924
Fundada em 1888 por um imigrante português chamado José Maria Godinho na Praça da Sé, sendo transferida para a o térreo do Edifício Sampaio Moreira, o segundo arranha céu da cidade (50 metros de altura), no ano de 1924, onde funciona até hoje. Em 2013, a mercearia foi declarada patrimônio cultural imaterial da cidade pelo Conpresp, sendo o primeiro estabelecimento comercial a receber este título na capital paulista.
- MAPPIN STORES - 1913/1919/1939 - 1999
Fundada em 1913 por ingleses, foi a loja de departamentos mais famosa da cidade. Muda-se para a Praça do Patriarca em 1919, com sua famosa Casa de Chá e seus elegantes desfiles vespertinos, frequentado pelas distintas senhoras do café. Acompanhando o desenvolvimento da cidade, em 1939 muda-se para um edifício em frente ao Teatro Municipal, por sinal um exemplo do estilo art déco praticado na cidade.
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Espero que estas (poucas) amostras, provoquem uma vontade imensa de colocar aquele tênis confortável, e buscar suas origens pela cidade!
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Referências:
Site
1. http://www.fecap.br/novoportal/institucional.php#.VRdTao7F-So
2. http://casagodinho.com.br/nossa-historia/
3. http://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2013/12/10/mappin-faz-100-anos-relembre-a-historia-da-loja-de-departamentos.htm
Todos acessados em 28/03/2015.
Publicações
1. BASSANI, Jorge. São Paulo: Cidade e Arquitetura | Um guia. São Paulo: Francisco Maximiano Zorzete, 2014.
2. Dez Roteiros históricos a pé em São Paulo / Roney Cytrynowicz (org). São Paulo: Narrativa Um, 2007
3. PONCIANO, Levino. Bairros Paulistanos de A a Z. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2001.